terça-feira, 12 de agosto de 2014

Choro compulsivo, riso histérico.

“Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto.
O médico diz: “O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo.”
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: “Mas, doutor… Eu sou o Pagliacci.”

Fiquei um tempo sem escrever por falta de inspiração/motivação. Porém, ontem tive uma discussão - não disse briga, por favor - com minha mãe sobre a questão do suicídio. Começou por conta da morte do grande ator Robin Williams, seu envolvimento com drogas e o fato de ele ter "tudo" na vida e mesmo assim não ser feliz. O que culmina no texto que coloquei no início em relação a pessoas que fazem humor, mas são tristes.

Considero extremamente intrigante o fato de o riso e o choro não serem antagônicos, na realidade, eles caminham de mãos dadas em muitas ocasiões da vida - não só quando 'choramos de tanto rir' -, pois muitas vezes estamos rindo pra aliviar uma dor, ou choramos pra expressar uma alegria. É aí que quero chegar: não podemos julgar o que os outros sentem, o que os outros pensam... só quem está na pele, sabe o que significa aquele sentimento, aquele pensamento, aquela vontade, aquele impulso. Pra mim, é muita prepotência dizer frases como "ah ele fez isso porque era fraco", "esse aí não tem Deus no coração", "é um egoísta que não liga pra ninguém" e tantas e tantas outras que sempre ouço em ocasiões como a que ocorreu com o humorista Fausto Fanti recentemente.

Lógico, eu fico muito triste quando uma pessoa se vai de uma maneira tão trágica. Por muitas vezes reflito sobre a vida de Kurt Cobain, um grande ídolo meu: o cara por anos convivia com uma dor insuportável de estômago que remédio nenhum aliviava, apenas quando usava heroína é que a dor sumia. Poxa, dá pra apontar o dedo na cara dum sujeito assim e chamá-lo de drogado, de inconsequente e bla bla bla? Pera aí, isso é bem diferente do cara que usa entorpecentes pra se divertir, pra fugir da sobriedade por muitas vezes entediante. O cara tinha uma DOR incurável. Como faz? Aí não tem tarja preta que resolva, indústria farmacêutica. Nem tratamento psiquiátrico.

Enfim, gostaria de deixar a reflexão no ar, já que julgamentos são sempre delicados e, quando são de vidas alheias, mais ainda de pessoas que você NÃO conhece - falar de amigos, familiares, talvez seja mais palpável. Muita gente acha que é íntimo de seus ídolos por ler entrevistas, biografias etc. Não dá, né?

Apesar de não ter se matado, vou deixar o som do guitarrista mais revolucionário que esse planeta já teve notícia - sabe-se lá se em outras galáxias não existem guitarristas de outro planeta? (sacaram? han?). Beijos na alma.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Patriotismo equivocado.

Além de música, cinema e teatro, uma de minhas grandes paixões é o futebol.
Desde meus sete, oito anos eu acompanho esse esporte e acho o maior barato esse envolvimento que os torcedores têm com seus respectivos times, suas rivalidades, fatos históricos e tudo mais.

Nada mais conveniente do que abordar esse tema em plena época de Copa do Mundo. Ainda mais ocorrendo no Brasil. Mas, nesse momento, nem queria falar especificamente de futebol e, sim, de uma questão que surge por conta do torneio: o famigerado patriotismo.


Por mais que em uma discussão racional, com argumentos razoáveis, ninguém vai aceitar isso numa boa, porém deixo a pergunta: por que diabos uma pessoa deve torcer para a seleção de seu país simplesmente por ela ser composta por jogadores de sua nacionalidade?


Veja, cada um com suas vontades, livre arbítrio, certo? O problema é que muita gente acha um absurdo, outros chegam a ficar indignados, se você diz 'pô, curto futebol, mas eu torço por outra seleção'. Isso soa como se eu fosse menos brasileiro. O que tem a ver uma coisa com a outra, meu Deus?


Pelo que entendo dessa palavra 'patriotismo', é um sentimento que você exerce diariamente nas atitudes que se tem perante a vida. Se preocupar com a sociedade em que está, fazendo ações que ajudem aos outros. Praticar o bem na vida pessoal, no trabalho, no transporte público. Buscar informações sobre política, economia, direito... se manifestar por um sistema de saúde decente, uma estrutura de ensino que seja capaz de abrir a mente dos alunos e fazê-los crescer como seres humanos. Enfim, coisas que realmente possam mudar sua nação.


Mas, não tem jeito, de quatro em quatro anos, as pessoas resolvem assumir seu lado "brasileiro" e é hora de usar roupas verdes e amarelas, pintar as ruas, comprar fogos de artifício, levantar suas bandeiras e praticar tudo que se "espera" de um "verdadeiro" brasileiro - tô abusando das aspas hoje.


Trata-se apenas de um esporte, certo? É apenas um entretenimento, certo? Não vai mudar a vida de ninguém efetivamente, certo? Então, por que as pessoas têm esse "compromisso" de torcer pela seleção canarinho? Não tem lógica!


Claro, tem o lado contrário, das pessoas que torcem contra a seleção por acharem que não tem identificação com os jogadores, ou porque estão revoltadas com o governo do Brasil. Bom, isso é outra palhaçada, porque a seleção ganhando ou perdendo, não vai afetar em NADA a situação deplorável que o país se encontra.


Contudo, quero fechar dizendo que cada um precisa cuidar mais da sua vida e dos seus verdadeiros compromissos - agora sem aspas - e deixar cada um torcer por quem quiser, ou simplesmente não torcer pra ninguém, pois isso só é da conta de cada indivíduo. Morô?


Fiquem aí com um som futeboleiro de uma banda com três integrantes são-paulinos (é Tricolor! ô ô ô!). Sim, eu sou são-paulino desde pequeno e isso vai permanecer até o dia que for dessa pra uma melhor. Valeu, macacada!


terça-feira, 10 de junho de 2014

Eu acredito. Eu sinto. Eu vivo.

Creio que todo mundo se depare com certos dilemas durante a vida que nunca têm fim. Eu tenho vários, aliás. Mas um que me incomoda tanto é essa preocupação louca que as pessoas têm com datas comemorativas. Dia dos Namorados, Natal, Páscoa, Dia das Mães, dos Pais, do Índio, da Vovozinha, da Tia-avó.... enfim, provavelmente cada um dos 365 dias do ano devem ter alguma designação do tipo.

O que me deixa mais chateado é que eu sou uma pessoa que procura ser o mais positivo em tudo que faço. E percebo que quando falo 'todos os dias são especiais e devem ser comemorados por estarmos com saúde e com amor', o ouvinte concorda, afinal ninguém discorda dessas coisas, mas quantos realmente acreditam e vivem isso? E por mais que eu fale, vejo que dificilmente as pessoas absorvem esse discurso. Coisa que eu vivencio todos os dias e sempre converso sobre comigo mesmo. Pela manhã, durante o expediente, ao final do dia, ou sempre que tenho um tempinho pra trocar uma ideia com meu Eu.

E isso nitidamente reflete nas reclamações do dia-a-dia - principalmente no "segunda a sexta", onde as pessoas, em sua maioria, estão em empregos que não apreciam, convivem com outras que não têm a menor afinidade, vão aos mesmos lugares entediantes e, com sinais claros, não compreendem porque suas vidas são tão chatas e deprimentes. Ao passo que, será que em um dia inteiro, ela não consegue ver nada agradável, interessante, prazeroso, intrigante, desafiador...?

Sabem por que eu realmente sinto que todos os dias da minha vida são especiais? Porque em todos eles eu procuro fazer coisas únicas que servem pra me animar e que ficam de lembranças eternas em minha mente.
Exemplos: nunca repito o mesmo caminho para o trabalho do dia anterior. Poxa, se tenho várias opções de caminho, não fica mais divertido se eu variá-las? Cada caminho tem sua peculiaridade, calçadas distintas, gente diferente, paisagens únicas, sons inigualáveis, acontecimentos dos mais diversos possíveis... olha quantas coisas podem ocorrer num simples caminho da sua casa até o ponto de ônibus?

De vez em quando, eu passo em frente a uma casa em meu bairro que tem um cachorrinho. Não sei o porquê, mas ele tem um olhar que nunca vi em nenhum outro animal. Acho ele triste, porém de uma sensibilidade contagiante. As vezes tô com pressa, mas eu não resisto e interajo com ele: dou um sorriso pra ele, falo 'oi, cachorrinho. como você tá?', cutuco a orelha dele quando ele tá de costas... enfim, aproveito aqueles segundos que a vida me deu pra curtir momentos que ninguém pode viver por mim e que me agregam boas energias, que me fazem entrar no ônibus com outro ar.

E o que dizer dos mais diferentes tipos de gente que usufruem de transporte público? Cada gesto, cada tom de voz, cada vestimenta... não é um barato prestar atenção nisso? Tem pequenos diálogos, alguns dirigidos a mim, outros não, que me mostram lados do ser humano que eu não poderia enxergar apenas comigo ou no meu ciclo social habitual. Fora o som do ônibus circulando, o barulho do metrô chegando, as luzes sinalizando... não sei se eu sou uma pessoa muito lúdica, mas me divirto demais com essas paradas.

Ah... e como fico contente de estar com uma pessoa que amo, de ouvir uma música que me leva pra 'outro lugar', assistindo a séries com tramas inusitadas, lendo notícias de outras vidas, acontecimentos diários, livros com estórias mirabolantes, ou as vezes simplesmente malucas. Aí vem um sujeito e diz 'vai fazer o que no dia dos namorados?', 'onde estará no feriado de Corpus Christi?', 'já pensou no que vai comprar pro dia dos pais?'. Na boa, eu tô pensando no hoje, no agora! É isso que importa. É clichê, mas quem garante que estarei aqui amanhã? Que poderei ter essa lucidez pra degustar cada sensação, cada sentimento em cada segundo? Caramba, dane-se essas datas idiotas. Todo dia é especial e todo dia tem que ser desejado! Não só a sexta a noite, onde as pessoas estressadas usam a tal da happy hour como válvula de escape da semana toda que ela nem sentiu passar, afinal só tá pensando no futuro - dias que não existem.

Nossa, tava precisando botar isso pra fora. Me sinto sozinho nesse mundo bombardeado de preocupações desnecessárias, e que deixa de lado o que realmente importa: amar o seu existir a todo instante. Não tem presente melhor. Pode comprar aquele par de sapatos lindo, reservar aquele jantar 'especial' no restaurante X... bla bla bla! Eu quero ganhar amor, sorriso, papos gostosos, ouvir o som da brisa, sentir o cheiro da grama... isso sim são presentes!
Deixo uma música que me emociona demais e que acredito em cada palavra que o 'Maravilha' canta.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O isolamento crônico tem cura?

Andei as últimas semanas envolvido em muitas atividades e mal tive tempo pra respirar e colocar as ideias no lugar. Mas, já há algum tempo, venho pensando nas relações interpessoais e chego a uma triste conclusão: as pessoas não estão se percebendo mais.

E pior que tenho constatado isso em diversos contextos: nas ruas, nos transportes públicos, as pessoas andam como se estivessem sozinhas, isoladas em seus mundos particulares e, por isso, há quase todo momento se esbarram umas nas outras, não percebem quando são olhadas, não têm a menor pré-disposição de iniciar um diálogo, por mais breve que seja.

Pra não citar lugares públicos como cinema, teatro, museu, feira etc, onde as pessoas falam em seus celulares como se estivessem sozinhas em seus quartos, batem papo sem o menor interesse sobre o evento que poderiam estar prestigiando, degustando. Não cuidam do que pertence a todos e sujam sem o menor pudor, quebram, tomam pra si, ao invés de pensar que preservando, eles podem aproveitar muitas vezes daquele patrimônio social.

E os que adoram odiar o que os outros fazem direito e com dedicação? Pois é, meus caros, tenho visto muito isso acontecer. Você trabalha pra coisa acontecer da melhor forma, você dá o melhor de si e sempre tem os detratores pra avacalharem com tudo, sendo maldosos e impiedosos, simplesmente porque não querem ver gente bem-sucedida, afinal eles não querem fazer nada por ser cômodo e, assim, esperam que todos ajam da mesma maneira. Lamentável é o mínimo que posso escrever.

Hoje, tive uma experiência incrível dentro de um ônibus voltando pra casa: uma menina de dois anos - DOIS ANOS - estava se divertindo sozinha, interpretando personagens que se relacionavam entre si e fazendo vozes e tudo mais. Porém, o que mais me encantou foi quando ela olhou pra trás, onde estavam sentados uma mulher e eu e começou a contar um episódio do Chaves pra gente! Que coisa mais linda! Ela sabia os nomes de todos os personagens, contava a estória atuando mesmo e me levou pra um estado muito lúdico, o qual, eu como ator, sempre busco e não chego a ele tão facilmente. Mas é isso mesmo, o ator é um adulto que brinca e consegue levar os outros praquele mundo imaginário, um mundo onde as pessoas precisam estar ligadas umas as outras pro 'jogo' acontecer.

Acho engraçado que tem momentos que eu quase perco a fé na humanidade e outros me fazem crer que o Amor sempre vencerá! Nunca podemos nos abater pelos elementos ruins, pois as frutas podres não servirão de alimento pra maioria. Quando as pessoas experimentam as frutas saborosas e nutritivas, elas dificilmente vão ingerir de novo aquelas que só nos causa indigestão!

Nem estou muito na pegada de me estender muito, mas queria deixar registrado e compartilhar com quem quer que venha a encontrar essa página, pois andava chateado com a falta de percepção das pessoas em tantos lugares, mas hoje com a menina e ontem com muitas pessoas no meu trabalho, senti que estou no caminho certo e vamô que vamô!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Já passou. Tudo já passou.

Diferentemente da minha última postagem, hoje quero falar de hoje. É, ao invés de ser nostálgico e contar do que já passei, vou ficar com meu presente. E que belo presente a vida está me dando.

Nunca contei aqui o que faço, além de curtir um som. Mas, eu sou ator, faço teatro há sete anos sem parar e, principalmente depois de sair do palco hoje, posso dizer que é extremamente gratificante poder interpretar um personagem, dar vida a um texto e, o melhor de tudo, fazer arte e saber que provoquei risos, sensações incômodas ou mesmo constrangedoras. Com certeza, quem pôde assistir a alguma das apresentações dessa temporada de O Pequeno Retábulo de Dom Cristovão - texto lindíssimo de Federico Garcia Lorca - foi tocado e não é mais o mesmo ser humano que entrou naquela sala de teatro. Pequena fisicamente, mas enorme no que ela pode proporcionar a todos que ela permite entrar.

E o ser artista tem disso: podemos não ganhar salário, ter nosso dinheiro garantido ao final de cada apresentação, mas ganhamos em saber que estamos mudando a vida de pessoas. Estamos nos relacionando de alguma forma com o mundo. Esse mundo que parece estar tão conectado, porém tá cada um dentro da sua bolha e pouco acontece nas relações interpessoais. É muito legal - palavra bem meia-boca pra traduzir esse sentimento - quando estou em cena e olho nos olhos de cada espectador, pois sei que os olho de uma maneira que nunca ninguém os olhou. Não tô dizendo isso, porque eu tenho um olhar espetacular e bla bla bla, quero dizer que é um olhar que não me pertence. Pertence ao personagem que eu, naquele momento, estava dando vida, pois tava passando um recado, uma ideia que o autor queria que fosse passada adiante, através de gerações e mais gerações. E, infelizmente, muita coisa não mudou com o passar de várias décadas e, por isso, o texto ainda faz muito sentido nos dias de hoje.

Ao mesmo tempo, cada grupo, cada diretor, tem sua própria visão de um texto e, tenho certeza, que ninguém no mundo, em todos os tempos, fez essa peça do jeito que nós fizemos. Poética quando precisava ser, incendiária quando tinha que ser. Com erros, justificando que são humanos fazendo arte, mas com sinceridade própria de quem acredita no que está inserido naqueles 45 minutos aproximadamente de peça.
Em cena, o tempo é totalmente diferente desse tempo aqui. Esse do relógio, sabe? Lá no palco, o tempo pertence ao teatro. Naquela hora, ninguém mais tem controle do tempo. Aposto que se colocasse um relógio de pulso, ele correria de acordo com o tempo da peça (brisa minha, mas é o que sinto quando estou sendo o Diretor do retábulo).

E sabe o que é mais doido? O meu diretor, um sujeito que enxerga tudo de uma maneira que até Deus duvida, conseguiu linkar a estória do Lorca com uma do Plínio Marcos. Ele juntou um texto escrito para teatro de bonecos com um totalmente anárquico e visceral, e assim construiu uma peça quase nova. Genial. Que ideia genial, Paulo! Admito que demorei uns ensaios pra entender, de fato, a coisa do começo ao fim, mas eu entendi. Hoje, eu entendi demais. Que coisa linda do caralho. Escrevo pouco palavrão, mas não tem o que definir a porra toda.

Ainda estou em êxtase com hoje. Com a vida. Com quem sou. E dou graças a Deus por ter entendido e estar degustando cada minuto. Admirando e fazendo parte de cada segundo. Sentindo, respirando, agindo, rindo, cansando, tocando, cheirando, machucando, sofrendo, sendo. É, Leonardo, a vida não para não!
Kurt Cobain morreu há vinte anos. Não se sabe 100% que foi suicídio, mas não está mais vivo. Bom, não está vivo nesse tempo aqui. Porque enquanto algo ou alguém é lembrado, ele continua vivo. E, no fundo, é isso que importa. O viver em carne e osso não importa tanto, pois não somos isso. Estamos isso. Então, meu caro, continue aproveitando cada fração de segundo, pois cada uma delas vai passando e não voltam mais. Não te pertencem mais. Pode tirar foto, fazer video, mas já era. O que fica é o conhecimento e as emoções que você guarda e vai distribuindo aos outros.

A madrugada tá começando e a música tá rolando. O texto tá terminando, mas os pensamentos tão fluindo. Tchau. Até algum dia. Aqui, lá ou acolá. E peço desculpas. Não sei o porquê, mas melhor pedir desculpas do que não pedir. Ah... isso aí é uma parada certa.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Em busca da beira do Universo.

Primeira postagem do ano não poderia ser em um dia mais significativo, pra mim, do que hoje. Sim, meus caros, hoje meu maior ídolo no mundo da música completa 46 primaveras. Quem já me conhece, sabe de quem estou falando; quem não, dou-lhes a notícia agora: falo de Michael Allan Patton. Mike, para os chegados.

É difícil precisar quando esse sujeito me marcou, pois foram tantos momentos que posso dizer que a vida pedia, implorava, para que eu o seguisse e não parasse mais. Lógico que tenho outros grandes ídolos - David Bowie, Trent Reznor, Jimi Hendrix, Kurt Cobain... -, mas o Patton tem uma parada que sempre me despertou mais interesse, sua versatilidade.

Como já escrevi anteriormente, não gosto de rotular nada, principalmente música. Tudo bem que facilita em alguns quesitos, por exemplo, pra organizar discos numa loja, ou quando você tá mais numa pegada X, então não vai procurar por Y. Porém, não é mais fantástico quando um mesmo artista está envolvido em tantos projetos distintos entre si que te proporciona uma infinidade de sons pra cada momento/fase da sua vida?

A grande maioria dos ouvintes o conhece como o vocalista do Faith No More. Amo essa banda e, obviamente, foi por ela que ouvi pela primeira vez a voz dele. Não sei ao certo com qual música, mas creio que tenha sido com Edge Of The World, pois esse som rolava direto na rádio Transamérica em 1991. Bons tempos, aliás, que minha mãe ligava aquele belo aparelho da Gradiente e deixava o dia todo ligado. Mal sabia ela a semente que tava se desenvolvendo dentro de mim, regada por todos aqueles sons: Nirvana, Metallica, Guns, Living Colour, Pearl Jam, Alice In Chains, Blind Melon, Smashing Pumpkins... nossa, a lista é imensa! (fica pra uma outra postagem, minha paixão pelos anos 90)

Enfim, sendo mais objetivo, lembro de muito tempo ouvir canções como From Out Of Nowhere, Epic, Midlife Crisis, A Small Victory, a famigerada cover de Easy - pra quem não sabe, ela fez sucesso no final dos anos 70 com a banda de soul (olha o rótulo aí, gente!) Commodores, liderada pelo figurinha batida das rádios de consultório, Lionel Richie - só que eu nunca me ligava que esses sons pudessem ser da mesma banda. Tanto pelo instrumental que era muito diferente, quanto pela voz que mudava tanto de timbre.

Pois bem, com a chegada tardia da MTV em minha residência em meados de 1997 (lembro tão bem de eu assistindo ao Video Music Brasil daquele ano com minha irmã; sem contar o Disk MTV com a gos... talentosa Sabrina Parlatore) e foi um ano-chave pra mim, porque foi quando eu realmente conheci as caras das bandas que eu gostava e, por consequência, fui ligando os sons que eram das mesmas bandas. Creio que em 1998, foi quando me dei conta que curtia muitas músicas do tal FNM. Tenho alguns clipes gravados na época até hoje em VHS, porém a tristeza foi que BEM naquele ano a banda resolveu anunciar que estava se separando. Sim, lembro muito bem da Chris Couto anunciando isso no Jornal MTV. Naquele fatídico ano, ainda me deparei com a estreia no Ponto Zero do clipe de I Started A Joke (que piada de mal gosto com os fãs, não?), mais uma cover inusitada que a banda sabe tão bem fazer do seu jeito.

Depois disso, foram anos e anos sonhando que um dia o FNM voltasse a ativa e fizesse um show na terra da garoa. Enquanto isso, claro que fui atrás de conhecer a discografia toda; foi a primeira banda que eu resolvi baixar todos os discos em 2004. E, desde então, se tornou a banda número 1 em meu coração.
Seis discos recheados de sons que iam da bossa nova ao death metal. Claro, tudo a maneira peculiar do FNM de compor e tocar.

Não queria me estender muito, mas tô nem na metade! Pois tão vendo que, aparentemente, minha ligação seria com o quinteto, certo? Errrrrrrrrrrrrrado! O lance é que Mike Patton tem o FNM como só mais uma de suas bandas/projetos em sua carreira. Antes mesmo de ele entrar pra banda, ele já era de outra espetacular: Mr. Bungle. Além dos EPs, essa banda tem três discos que eu considero obras-primas essenciais pra quem quer aumentar seus limites musicais. Se FNM já fazia uma mistureba de sons, o Bungle tem uma penca de influências que extrapolam tudo e, ainda por cima, a lambança era mais condensada. Em uma música, se identifica muitas referências.

Chega? Não! Só pra citar os que mais curto, ele gravou quatro discos com uma banda chamada Tomahawk (isso já depois do FNM) que têm músicas fantásticas, porém mais diretas; um disco com um projeto chamado Peeping Tom que tem altas parceiras com nomes como Massive Attack, Norah Jones, Bebel Gilberto, Dub Trio... mano, já deu pra sentir o groove né?
Tem também um projeto maluco intitulado Fantômas - com acento circunflexo mêmo! - que eu tive o prazer de ver em 2005 no festival Claro Q É Rock; esse merecia até um texto próprio, pois foi um dia especialíssimo nas minhas experiências musicais - e, também, um tal de Mondo Cane, no qual ele escolheu um repertório de canções pops dos anos 50, 60, em sua maioria, italianas! Pois é, além de tudo, o cara foi casado com uma artista plástica italiana e, por isso, seu italiano é um Boccato di Cardinale.

Ao invés de falar, falar e falar, vou me deliciar com algum projeto dele e espero que vocês façam o mesmo, pois o Mr. 1000 Voices é um workaholic com muita saúde e disposição!

Pra não perde o costume, deixo um vídeo - gravado no Chile, país que tem uma identificação absurda com ele, coisa que ninguém explica, apenas se aceita - de uma música que me fez a cabeça quando ainda menino e que sempre me deixa de bom humor. Essa é do primeiro disco que ele gravou com a banda, The Real Thing, de 1989, caracterizado por uma voz anasalada que deixa a coisa mais divertida ainda!


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cuidado!

Há uma coisa que me deixa chateado em relação ao comportamento dos amantes da música nos últimos tempos: a falta de envolvimento com um disco. Ou até mesmo, o desconhecimento dos discos de seus artistas/bandas favoritos.

Tem já uns anos que me dei conta o quanto eu me identifico com discos específicos e percebi que, em muitos casos, o álbum tem vida própria, as vezes chega até a ser 'maior' que os artistas. E eu me lembro muito bem do primeiro disco que eu olhei pra capa e pensei 'nossa! eu quero muito isso pra mim!'.
Foi o Dangerous do Michael Jackson.

Pode não ser o melhor disco dessa lenda da música pop, mas que capa é aquela?! Eu fiquei hipnotizado e sempre que a vejo, ficos pelo menos uns 30, 40 segundos degustando-a com meus olhos. Ela é enigmática, cheia de imagens distintas e simbólicas, cores e sombras deliciosas e, o principal, tem o olhar penetrante do Michael te encarando diretamente, sem te dar chance pra fugir dele.

Agora, falando som, as canções têm o nível supremo do mestre: melodias envolventes, arranjos absurdamente bem feitos, arranjos de vozes divinos, letras inteligentes e emocionantes, e a interpretação de gala do mito. Da onde ele tirava inspiração pra cantar daquele jeito? É uma parada que não se ensina, simplesmente deixa-se aflorar lá de dentro, sem pudor, sem medo. É natural, é a música em sua essência. Coisa que esses programas como The Voice e afins insistem em querer domar, em podar até a coisa ficar de plástico, sem vida.

Dangerous realmente é um disco perigoso: depois que ouve uma vez, você vicia e fica enfeitiçado eternamente por essa obra estupenda. Não dá para ouvir apenas um ou duas faixas, e isso que me deixa incomodado. É um desperdício as pessoas ficarem só nas canções mais famosas, pois o disco é todo coerente e merece ser escutado como uma sinfonia, do começo ao fim, e sentindo todas as suas nuanças.

Lógico que eu amo outros tantos, porém o primeiro nós nunca esquecemos. Como não tenho uma faixa favorita e nem videoclipe favorito - Remember The Time é um verdadeiro curta-metragem e merece ser citado - vou deixar um dos videos mais sexys já filmados, pois tem nada mais, nada menos, que a gos... bela modelo Naomi Campbell. É dar o play e sentir o groove!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Nem todo mundo envelhece com o tempo.

Hoje, enquanto estava no ônibus a caminho do trabalho, pensei em períodos da minha vida e tive uma reflexão bem nítida em relação a minha infância e ao menino que eu era naquele tempo. A sensação que tive é que esse menino não morreu e ainda está em mim.

Isso quer dizer que não amadureci e que não passo de um moleque velho? Veja, não que eu me sinta o cara mais experiente do mundo, nada disso, mas o que tenho de certo é que há duas personas me habitando: o menino Leonardo e o homem Leonardo.

Caso de esquizofrenia? Espero que não. Até porque enxergo isso de maneira muito positiva. Acho que justamente por eu estar encontrando um equilíbrio entre eles dois é que me sinto mais próximo do meu verdadeiro Eu. Por que matar aquele menino que vivia um mundo tão mágico, tão leve e tão lúdico só porque cresci, tenho barba e contas pra pagar?

É tão gostoso ser criança. Mesmo. Recomendo a todos sempre deixarem seu lado criança se manifestar de vez em quando, pois é ele que mantém aquela chama de esperança que nos motiva a crer que a vida vale a pena. Que tudo que sonhamos pode sim acontecer, basta acreditar do mesmo jeito que acreditávamos em tantas coisas que os adultos adoravam dizer 'ah essas crianças vivem no mundo da Lua'. Agora que sou adulto, posso contar a real pro menino Leonardo 'aqueles adultos lá é que estavam vivendo no mundo da Lua ou em qualquer outro lugar, menos aqui!'.

Acreditar que ter dinheiro no bolso e uma casa com TV é sinônimo de realização pessoal? Nossa, nunca encarei dessa forma e o homem Leonardo enquanto estiver acompanhado do moleque, nunca vai pensar assim. Palavra de Chapolin Colorado - pra lembrar um ídolo meu, Roberto Bolaños, que também nunca deixou a criança dentro dele morrer.

Escrevi e continuo com um sorriso no rosto por estar realmente contente em saber que tenho ainda muito que brincar, fantasiar e fazer molecagem, mesmo me tornando pai, tio, avô etc. E que isso não atrapalhe o adulto que há dentro de mim em levar o que tem que ser levado a sério. Tudo tem sua hora. E maturidade é saber a hora certa pra deixar cada persona agir.

Me despeço de vocês, deixando um som que eu adorava quando era criança e - considerando que ela ainda não morreu - continuo adorando. De um sujeito que, com certeza, não deixou aquele garoto tímido de Brixton, no sul de Londres, morrer. Falo de David Robert Jones.